A Teoria do Poder Naval

O Poder Naval na atualidade

“O grande objetivo da Estratégia Naval deve ser sempre obter o controle do mar: quem o controla, controla o comércio e a guerra.” (Almirante  Alfred Mahan)

 

 

 

A Teoria do Poder Naval foi descrita  pelo Almirante Alfred Thayer Mahan em sua obra “A influência do mar sobre a história, de 1660 a 1783” . Este livro, publicado em 1890,  constitui-se  em um dos pilares fundamentais da Geopolítica e também da Estratégia Militar Moderna e  influenciou profundamente a maneira pela qual os governantes e os Estados-Maiores das nações passaram a enxergar e a avaliar o papel das Forças Navais em âmbito global. 

Como militar e acadêmico, Mahan estudou com profundidade o Poder Naval dos Estados ao longo da história, tornando-se um dos mais importantes e influentes teórico sobre estratégia em sua época. Seu pensamento foi influenciado pela época em que viveu (1840-1914), quando o cenário mundial era caracterizado pelo expansionismo colonial das grandes potências. Neste contexto, o controle efetivo das rotas marítimas se constituia em um elemento fundamental para a manutenção e o aumento do poder nas nações. 

As datas escolhidas por Mahan para delimitar cronologicamente sua teoria não foram escolhidas ao acaso. No ano de 1660 houve a Restauração da Monarquia Inglesa com Carlos II, e a consequente reorganização e o fortalecimento da Marinha Real Britânica, que passou a ser administrada de maneira mais profissional e dentro dos preceitos da hierarquia e disciplina. Já o ano de 1783 simboliza o fim de Guerra da Independência dos Estados Unidos. Apesar da perda das colônias, a Marinha Britânica consolidou-se como a principal potência naval do mundo, demonstrando sua superioridade atuando simultaneamente  contra a Espanha, a França e a Holanda. 

A tese central do Almirante Mahan era baseada no fato de que o Poder Naval era o fator preponderante na ascensão e na queda das potências. No período do seu estudo (1660-1873) ele demonstra como a Inglaterra superou a França e a Holanda e se tornou o Poder Naval dominante e, dessa forma, tornou-se a nação mais importante e influente no contexto mundial. 

Em sua obra, Mahan enfatizou que alguns princípios estratégicos deveriam ser observados para garantir que o Estado obtivesse a supremacia naval e também para impedir que os outros Estados também o fizessem. Entre esses princípios pode-se destacar: 

  • Controle das linhas de comunicação marítima: o domínio das principais rotas comerciais garantia ao Estado a prosperidade econômica baseada no comércio e também o fluxo de abastecimento de recursos considerados vitais. 
  • Concentração da frota militar : a frota militar deveria manter-se concentrada para a garantia da superioridade naval nos confrontos. Em outras palavras, as nações deveriam evitar a dispersão de seus meios navais em várias regiões. 
  • Manutenção de bases em diversos “pontos-chave”: a nação deveria buscar construir e manter diversas bases navais ao redor do globo, com a finalidade de se garantir o suprimento e o reparo dos navios integrantes da frota. 
  • Bloqueio naval : a Marinha deveria estar equipada e capacitada a impedir que o inimigo utilizasse o mar para a realização de comércio ou mesmo para o recebimento de suprimentos militares. Mahan considerava essa ação fundamental para o enfraquecimento da economia de um eventual adversário. 

Além dos princípios estratégicos, Mahan também identificou que algumas nações eram mais “vocacionadas” ao desenvolvimento do seu Poder Naval do que outras. Desta forma, em seus estudos, ele descreveu seis elementos que contribuiam decisivamente para que um Estado aprimorasse o seu Poder Naval: 

  • Posição goegráfica: a capacidade de uma nação se projetar no mar é diretamente influenciada pela sua localização geográfica, pelo seu acesso ao Oceano e pela sua proximdade das principais rotas marítimas. 
  • Relevo e conformação física: a existência de portos naturais, baías e a posse de ilhas consideradas estratégicas são fundamentais tanto para a defesa do território quanto para a realização de operações navais de maior envergadura
  • Extensão litorânea : o tamanho do litoral e a quantidade de bases navais e portos disponíveis são de grande importante para a capacidade operativa e de desdobramento da Força Naval 
  • População : o país necessita de uma população com tamanho suficiente e com o nível educacional adequado para a manutenção de uma Força Naval capacitada e em permanente estado de prontidão. 
  • Caráter nacional: a população deve possuir uma “vocação marítima”, ou seja, deve estar predisposta a lançar-se ao mar para a realização do comércio e da navegação. 
  • Política governamental: o poder político deve apoiar permanentemente o Poder Naval, garantindo os investimentos necessários para a implementação de  políticas e estratégicas de defesa e uso do mar. 

A Teoria do Poder Naval influenciou várias nações no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. A Inglaterra, o Japão, a Alemanha e os Estados Unidos construiram suas poderosas frotas navais baseados nas ideias de Mahan. O presidente norte-americano Theodore Rooselvelt foi um grande admirador do Almirante Mahan e buscou fortalecer a Marinha dos Estados Unidos e a projetá-la globalmente. Não se trata de coincidência o fato de que durante o mandato do presidente Rooselvelt  foram iniciadas as obras do Canal do Panamá, uma obra que permitia tanto o encurtamento das principais rotas comerciais como também possibilitava que os Estados Unidos deslocasse rapidamente sua frota militar entre os Oceanos Pacífico e Atlântico. 

Mesmo após mais de um século de sua publicação  e do surgimento de inúmeros avanços tecnológicos, vários aspectos da Teoria de Mahan continuam relevantes na atualidade. O controle e a segurança  das rotas marítimas ainda é um fator essencial às potências atuais. Diariamente pode-se acompanhar no noticiário fatos relativos ao fortalecimento do Poder Naval de diversas nações ao redor do mundo. Além disso, o conceito de “projeção do poder naval” é ainda um componente de grande importância na estratégia militar de qualquer país geopoliticamente relevante. 

E você ? É capaz de identificar a utilização e o emprego da Teoria do Poder Naval por alguma nação na atualidade ? Que aspectos da Teoria de Mahan essa nação está utilizando ? E você consegue pensar em algum Estado que está negligenciando o desenvolvimento e  a manutenção do  seu Poder Naval ? Como isso está ocorrendo ? Deixe suas impressões e opiniões nos comentários e contribua para o debate desse tema ! 

No próximo artigo discutiremos sobre a Teoria do Poder Terrestre, de Half Mackinder, onde vamos conhecer o famoso conceito do “Heartland”, ou o Coração do Mundo. 

Até breve !!

 

 

2 comentários em “A Teoria do Poder Naval”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *