Os elementos da Geopolítica

Território, População e Recursos naturais

A Geopolítica busca investigar e compreender a influência dos fatores geográficos envolvidos nas ações realizadas pelos Estados tanto em âmbito interno como nas suas relações com os demais Estados. Ou seja, a Geopolítica busca analisar como ocorrem as interações entre os fatores geográficos e os elementos políticos, sociais, econômicos, militares e tecnológicos do Estado, com o objetivo de se concluir sobre as ações e o movimento das nações em âmbito global.

Ao realizarmos uma análise geopolítica, quatro fatores se destacam e se constituem em pilares básicos que norteiam o nosso entendimento sobre os motivos que levam dferentes  Estados a agirem de  maneira distinta a face a uma mesma situação. A esses fatores, chamamos de  “os elementos da Geopolítica”. Vamos conhecer um pouco sobre o que cada um deles significa e sua importância nas análises e nas relações  geopolíticas ?

TERRITÓRIO: ESPAÇO DE SOBERANIA E DISPUTA

O território é o mais básico dos elementos geopolíticos. Representa  o espaço físico sobre o qual um Estado exerce efetivamente a sua soberania, ou seja a sua capacidade de legislar, administrar os recursos ali existentes e defender seus interesses internos e externos. A delimitação e o controle do território sinalizam aos demais países  que naquela área um determinado Estado exerce com exclusividade o poder e o controle sobre a populaçao ali existente, seus recuros naturais e também sobre as rotas comerciais que por ali passam.

O controle de um determinado território implica necessariamente na capacidade do Estado em defender seus  limites contra qualquer ameaça externa, bem como no exercício da soberania sobre os recursos naturais ali existentes, na decisão sobre a exploração econômica desses espaços e também na aplicação de suas leis e regulamentos no interior desses espaços. Como uma derivada do elemento geopolítico “território”, temos também o conceito de “fronteira”, que pode ser definida como uma linha que delimita o que está sob a soberania de um Estado do que está sob a soberania de outro Estado. As fronteiras podem ser naturais (rios, montanhas, cordilheiras) ou serem artificiais (coordenadas geográficas definidas em acordos políticos). Oportunamente, abordaremos o tema das fronteiras em um outro artigo.

É importante ressaltar que o conceito de território não se limita apenas ao interior das fronteiras políticas terrestres de um Estado. O território também abrange o mar territorial, o espaço aéreo e o subsolo  de uma nação, onde normalmente se encontram os recursos naturais.

A importância do território fica bastante evidenciada quando observamos como a posse de áreas estratégicas como estreitos marítimos ou o domínio de rotas comerciais traz significativa vantagem geopolítica aos países que os controlam, como é o caso do Canal de Suez, controlado pelo Egito e o Canal do Panamá, controlado pelo Panamá, mas foco de tensão geopolítica atual entre os Estados Unidos e a China.

LOCALIZAÇÃO: ENTRE VANTAGENS E VULNERABILIDADE

A localização também é um importante elemento geopolítico de um Estado, uma vez que ela influencia diretamente na forma pela qual uma nação se relaciona com os demais Estados. É bastante comum que Estados situados em posições consideradas estratégicas, como fronteiras continentais e culturais, canais, estreitos matítimos ou rotas comerciais tendam a ocupar um local de destaque no cenário global.

A localização relativa de um Estado pode apresentar vantagens e desvantagens, a depender do contexto histórico,  político, econômico e social. Países com uma localização geográfica mais centralizada, como é o caso da França, apresentam a vantagem de estarem próximas a rotas comerciais de grande importância ao longo da história, o que facilita sobremaneira as relações econômicas, políticas e culturais com os demais Estados. No entanto, ao analisarmos a história da França, observamos que o país sempre esteve envolvido em diversos conflitos bélicos, junstamente por estar localizado em uma regiao que desperta o interesse e a cobiça por parte de outros países.

Estados localizados em regiões remotas como os localizados em ilhas isoladas no Oceano Pacífico e mesmo os países da Oceania, possuem maior dificuldade de inserção no comércio global, porém são menos sujeitos à tentativas de invasão ou de subjugação por outros povos.

A localização geográfica de um Estado também traz implicações  diretas para a sua segurança nacional. Países localizados em áreas historicamente marcadas por conflitos militares podem vir a envolver-se em confrontos que inicialmente não lhe diziam respeito. Como exemplo, temos o caso da Polônia na 2ª Guerra Mundial. Localizada entre a Alemanha e a União Soviética, duas potências que entraram em conflito, a Polônia acabou envolvida na guerra e sofrendo as consequeências de um conflito que não era seu. Mais recentemente, temos o caso do Líbano, envolvido no conflito entre Israel e o grupo terrorista Hezbollah e também o caso da Ucrânia, invadida pela sua vizinha Rússia, como forma de limitar a influência ocidental nas proximidades da fronteira russa.

Podemos também dizer que a localização geográfica de um Estado também determina a exposição desse país às catastrofes naturais. Quanto a isso, temos o exemplo dos países localizados no chamado “círculo de fogo do Pacífico”, como o Japão, o Chile e  costa oeste dos Estados Unidos. Essas regiões tendem a ser mais atingidas por terremotos em virtude de estarem localizadas sobre falhas geológicas. Da mesma maneira, os países do sudeste asiático estão mais sujeitos às inundações e aos tsunamis causados pelo chamado “clima de monções”.

RECURSOS NATURAIS: RIQUEZA ESTRATÉGICA E FONTE DE CONFLITOS

Os recursos naturais englobam os recursos minerais, as matérias-primas, a água potável e as fontes de energia encontradas no interior do território de um Estado. Sua abundância ou escassez podem determinar a postura geopolítica que uma nação adota perante aos demais Estados. Países abundamentes em recursos naturais, como o Brasil, a Arábia Saudita e a Rússia frequentemente buscam utilizar-se desse diferencial estratégico com a finalidade de obter benefícios políticos e econômicos.

No entanto, a abundância de recursos nem sempre é sinônimo de prosperidade quando se trata de geopolítica. Estados com grandes reservas de petróleo ou mesmo de metais preciosos ou raros invariavelmente são alvo de interferência política e da cobiça de países mais poderosos que buscam a obtenção desses recursos para os seus próprios propósitos. O exame da história dos países africanos pode nos apontar diversos exemplos dessas situações. Também no Oriente Médio pode-se observar esse fenômeno, onde as maiores potências mundiais buscam aumentar a sua influência política, econômica, militar e cultural para ter acesso à maior riqueza da região: o petróleo.

Nas últimas décadas, um dos recursos naturais que vem causando grande instabilidade geopolítica entre diversos Estados é a água potável. A segurança hídrica tem se tornado o ponto central de diversas disputas pelo controle de rios transnacionais, como é o caso do Rio Nilo na África, do Rio Ganges na África e o Rio Jordão no Oriente Médio.

POPULAÇÃO: CAPITAL HUMANO E PRESSÃO DEMOGRÁFICA

A população de um Estado constitui-se tanto em um ativo estratégico como em um constante desafio político. Um grande contingente populacional, como é o caso da China e da Índia, possuem   uma grande força de trabalho, em um grande mercado interno e em uma grande capacidade de mobilização militar. No entanto, possuem enormes questões a serem resolvidas nos campos da educação, da saúde, da infraestrutura e da previdência social.

Por outro lado, países com populaçoes diminutas, como é o caso da Islândia e de Luxemburgo, possuem maiores dificuldades para produzir os bens a serem consumidos pela sua  reduzida população, necessitando importar a maior parte dos itens consumidos no país. Também apresentam dificuldades em manter Forças Armadas em estado de prontidão para garantir a defesa de seus territórios, necessitando muitas vezes “terceirizar” essa função para outros Estados.  Todavia, seus problemas sociais são praticamente inexistentes.

Além da densidade populacional, os fluxos migratórios são outro tema de bastante relevância ligado ao elemento geopolítico População. Nos últimos anos o assunto tornou-se uma questão geopolitica central para países como os Estados Unidos e os membros da União Europeia que estão tendo que lidar com grandes fluxos migratórios oriundos da África, da América Latina e do Oriente Médio motivados por condições precárias de vida, conflitos bélicos e conflitos étnico-religiosos.

E o que você pensa sobre o  tema ? Você acha que a análise dos  elementos básicos da Geopolítica são capazes de ajudar a explicar os principais conflitos atuais ? Você gostaria de compartilhar conosco a análise de algum conflito atual sob a ótica desses elementos ? Deixe suas impressões nos comentários ou entre em contato conosco ! Queremos muito ouvir a sua opinião !

 

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